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terça-feira, 31 de maio de 2011

Preciso


Nesses dias precisos a vida tem fluído como um último suspiro que sai pela boca, quente e intenso, dizendo à alma que então basta. Abro os olhos para não enxergar o que está contido no escuro. Apaguei as luzes pois tive medo de descobrir que o monstro que me assombrava não passava de um monte de roupas velhas jogadas pelos cantos do quarto. E no final não passavam de apenas roupas velhas.

Passo os dias correndo.
Passo as noites acordada.
Beijo de olhos abertos.
Amo de olhos fechados.

Então, quando tudo estava precisamente sincronizado, como as engrenagens de um relógio, não houve Descartes que fosse capaz de silenciar o som de minha alma se desfazendo. A tua simples lembrança se fez presente por míseros dois minutos e quartorze segundos, período de tempo que se fez eterno enquanto durou. Dois minutos e quatorze segundos inundados de um passado mal resolvido e estragado pelo tempo. Dois minutos e quatorze segundos que pude me lembrar o que seria esta estranha coisa chamada sentir. Eu me lembrei do que é feito esse tal de amor... [é de música...]

Quando te deixei para trás, me deixei contigo. Hoje não me pertenço mais.

sábado, 7 de maio de 2011

Para virar lembrança


Aperto a mão contra meu peito como se fosse possível, assim, fazer caber osso e carne em um espaço fictício e paralelo. O problema não é o vazio, a verdade é que carrego um peito cheio de musturas, de sonhos, expectativas, passados, presentes e futuros. Tão cheio que tantas vezes me perco dentro de mim.
Há desejos que brotam, há pessoas que voltam, sorrisos que escapam ignorando tudo o que se passa por fora.
Carrego olhares, toques e cheiros. Todos eles sei de cor, ao menos os que me interessam. Carrego o vento que me trouxe o frio, a chuva que estragou meu cabelo e o quente de um pedaço de luz que passou pelas arestas da janela e tocou a minha pele, sutilmente, delicadamente, deixando um brilho sereno nesta carne opaca.
Hoje sei que para virar lembrança não é preciso ser profundo, basta que seja verdadeiro.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O que seria de mim sem minhas desilusões?

Te olho nos olhos e esqueço de mim e de todo o nosso passado. Fica até fácil de acreditar que poderia dar tudo certo de uma vez por todas. Tudo se justifica, tudo se desfaz.
Outras paixões são insignificantes e toda a dor que já foi tão presente faz de conta de que sempre foi só felicidade e eu poderia então permanecer te olhando, enfim.
Me sinto impotente e perdida, mas tudo fica bem. Seria tão errado abrir mão de tudo outra vez?
Quando tudo se desfez caminhei sozinha com meus sonhos bastardos e tive de me fazer de forte para poder me manter sempre ao lado teu. Talvez este tenha sido o grande erro. Hoje a tua presença está amalgamada em minha carne, e memo sem estar contigo não sei viver sem você.
E quando me olhas com olhos tão carinhosos, eu me perco no tempo e espaço e já não sei mais o que é certo ou errado. Só sei que por você eu abriria mão de tudo. Como não faria por mais ninguém.
Gostaria de querer que não me olhasses assim.
Mas não posso negar que amo os seus olhos.
O que seria de mim sem minhas desilusões?