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domingo, 28 de março de 2010

Morrer de ti [ e nascer em mim]

Deixai então a minha luz repousar. Por muito tempo usastes de mim para te iluminares, somente para ver teu reflexo de fótons irradiando, levando de mim o meu brilhar, roubando de mim o meu eu para que fosses teu somente pelo prazer de ter a mim. Mesmo sem fazer nada comigo.

A verdade tarda, mas há de se chegar. Tive de viver a sua mentira para poder entender que não vivia. E acreditei em amor enquanto na verdade cometia suicídio. É necessário morrer para poder nascer de novo. E hoje digo que morri de ti.

Ser o que se é não é fácil. Despertar ao final de um sonho não se resume em apenas abrir os olhos. É necessário ver. E quando pude me enxergar me dei conta que havia muito mais de ti em mim do que de mim mesma. Expulsar-te doeu, pois estavas impregnado em cada canto meu, em cada coisa minha, célula por célula constituinte do meu universo particular.

Não guardo ressentimentos sequer mágoas. Fica em mim somente a lembrança do erro, o aprendizado. Deixar-te ir foi deixar-me ser; ser por completa. No meu peito, o vazio passado hoje se encontra cheio de mundo. Fiz nascer em mim novamente.

Não há necessidade de olhar para trás, dar outra chance, pois a chance já foi dada a mim mesma. Sorrio para a vida que me acolhe em seu peito caloroso, sorrio para ti que tão distante de mim estás e até digo que te amo. Porém existe a diferença de que agora eu amo a mim também.

Hoje sou luz, luz que brilha, luz que arde e queima a vida em meus poros. Precisei morrer de ti para nascer em mim. Desejo para ti o que há de mais verdadeiro na felicidade, já que agora carrego em mim a liberdade necessária para poder realmente amar. Se não errasse com você, talvez nunca descobrisse o que é o verdadeiro amor.