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sábado, 14 de junho de 2008

Apenas Nuvens

Batia suave a brisa sobre seus cabelos soltos, movendo os fios dourados, ainda mais pelo reflexo do sol. Não era fria, nem quente. Uma temperatura ideal.

Era uma jovem sentada na grama do seu curto quintal. Mãos e pés em contato com a terra, como se isso aliviasse o seu peso. Mas ela acreditava que sim, e isso era suficiente. Estava tentando enterrar suas lembranças.

Assim como acontece nos filmes e na vida, ela fora enganada; por ela mesma desta vez. Não que tenha sido diferente das outras vezes. É que seus sonhos pareciam tão reais, não eram como os outros. Mas sabe como as coisas são, querendo ou não uma hora tem de se acordar.

Deram-lhe a oportunidade de acreditar, só não lhe avisaram que quando o vento bate as nuvens mudam de formato. Tudo era fixo, qualquer um diria o mesmo. Pobre menina esqueceu-se do vento.

E assim que soprou-se o primeiro fôlego, e as folhas destacaram-se das árvores, caindo como máscaras, seus castelos começaram a voar rodopiando na tempestade de seus pensamentos. Ela choveu suas lágrimas. Não pelo vento, mas pelas nuvens, que antes eram tão lindas.

Agora seus castelos flutuam perdidos, e ela precisa enterrá-los. Por isso senta-se em seu quintal com os pés descalços, mãos na grama.

Ao menos ela sabe que depois da noite aparecerão novas nuvens. Mas desta vez ela não atribuirá desenhos a elas. Serão apenas nuvens.