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domingo, 15 de agosto de 2010

Percepção

O que eu faço com teus olhos, quando sei que eles não podem ser meus? O que faço com estes olhos tão serenos que despertam em mim um alvoroço, que tocam minha alma nos pontos mais frágeis. A sua paz me tira a paz, tamanha plenitude que habita em seu corpo, faz-me querer estar em ti. Quisera, por um momento, enxergar o mundo sob os teus olhos.


Quem somos nós para definir o que é o amor, o que é a verdade? Quem pode afirmar o que é certo, só nós sabemos, é o que sentimos, é o que vivemos. Tua vida tão distante da minha, e não apenas em tempo...

Ah se eu pudesse entender seus olhos, a beleza incabível da tua ingenuidade, se eu pudesse entender suas escolhas, conhecer um pouco do seu mundo, tão aberto e ao mesmo tempo tão fechado.

Cada palavra sua carrega a tua essência. Estar ao teu lado é desfrutar da mais sublime realidade, e viver a mais ilusória mentira. Imagino o meu lar no teu peito, desejando teus abraços, teus sorrisos, o teu toque.

Olhas-me como quem me conhece por inteira, talvez até mais do que eu mesma, sabes das minhas mais temíveis verdades, conheces os meus segredos mais profundos, sem que haja a necessidade de que se diga alguma coisa, simplesmente lê a minha alma.

Desejar-te é perder-te, pois és livre de toda forma repreensiva do falso amor que escapa das bocas ingênuas e limitadas. Amar-te resume em admirar-te, observar a tua liberdade, é incondicional como o brilho dos teus olhos.

Minha percepção de ti pode ser erronia, mas por hora escolho me enganar. Prefiro acreditar que algum dia poderei beijar-lhe as tuas pálpebras enquanto dorme ao meu lado, acreditar que ainda poderei envolver-te em meus mundos, compartilhar contigo os meus sonhos, olhar nos teus olhos sem ter o medo de que eles nunca me vejam à maneira que eu os vejo.